
A temporada 2010/11 na Europa já é página virada. Restam só alguns jogos de pouca importância em campeonatos irrelevantes, para todos só se focarem na próxima temporada. Hoje, no entanto, a Federação Romena de Futebol mudou algumas coisinhas em seu campeonato doméstico, que teve seu término na última semana. O vice-campeão Poli Timisoara, garantido até então na segunda fase preliminar à próxima Champions League, já não terá mais essa vaga tão sonhada, tudo graças a dívidas inaceitáveis para o padrão do futebol romeno. Além disso, há grande risco da equipe cair a segunda divisão do país, o que não deve ocorrer já que autoridades do clube já se manisfestaram a fim de recorrer na justiça a tal eventual castigo. Fato é que a própria UEFA já considera o Timisoara fora de qualquer competição europeia, na próxima jornada. Os beneficiados com isso foram o Vaslui, que rouba a vaga à fase preliminar da Champions -- o Otelul Galati, campeão, já se garantiu na fase de grupos -- e o Gaz Metan Media, que alcança a última vaga do país à Europa League.
E, além do Timisoar a, o Bistrita, décimo-quarto colocado, também foi punido por essa razão e deve integrar a próxima segundona nacional, o que mudaria a favor do time do Craiova, décimo-quinto colocado, enquanto Victoria Benesti, outro então rebaixado, fica na torcida pelo Timisoara perder tal disputa na justiça.
De qualquer modo, o ponto é que os primeiros a sentirem na pele as mudanças que a UEFA está a promover em relação ao chamado fair-play financeiro, foram os times romenos.
Para você entender melhor sobre o assunto: da temporada que vem até 2014, a entidade que comanda o futebol europeu só aceitará times na Champions e na Europa League com dívidas inferiores a 45 milhões de euros. De 2014 a 2017, o endividamento não poderá ultrapassar os 30 milhões de euros. E daí para frente, a receita dos clubes e as eventuais gastanças terão que, no máximo, equivalerem-se.
É claro que esse modelo da UEFA terá de ter influência nas federações de cada país do continete europeu, gradativamente, como fez e faz a Romênia. Punir times com dívidas elevadas tem de virar costume, pois na Europa todos sabem como as coisas funcionam.
Para se ter ideia, um levantamento feito em 2010, pela Deloitte, mostrou que os principais times do velho continete estavam assustadoramente quebrados. Hoje a situação ainda deve passar perto do que a publicação retratou. O Manchester United, sob o comando da família Glazer, devia 820 milhões de euros, liderando o ranking dos maiores devedores. Com 20 milhões de euros a menos, o Real Madrid figurava em segundo, na frente de Chelsea, Barcelona, Internazionale, Atlético de Madrid, Valencia, Milan, Arsenal e Liverpool, todos esses com saldo negativo acima de 45 milhões euros, valor máximo a se dever a partir da próxima temporada, obviamente para quem tem intenções de disputar certames internacionais. O pisca-alerta está aceso.